Seja Bem Vindo

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Tempestade


Eu não tenho mais poemas.
Na manga, no bolso, no peito.
Eu não tenho mais ideias.
Elas costumavam chegar tão facilmente.
Olhando a chuva cair, fazendo o almoço.
Depois de fazer amor.
E em minutos, estavam prontos.
Mas eu não os tenho mais, os perdi.
Não lembro onde guardei.
Eu paro um pouco pra me escutar.
Minhas lamurias, minhas dores e meus suspiros.
Mas eu só encontro silêncio. Nada. Vazio.
Eu tento transmitir aquelas palavras doces, mas não lembro.
Eu penso, tento, busco, sinto.
Mas não encontro.
Eu não tenho mais poemas.
Foi essa tempestade dentro de mim.
Que lavou tudo, levou embora sentimentos antigos.
Meus poemas de sempre.
Pra me fazer sentir de novo, de um jeito novo.
Um novo amanhecer, um novo toque, novo olhar.
Levou o que precisava ir, e trouxe o que era pra ficar.
Fez-me encontrar em mim, meus outros poemas.
Meu novo eu.

R. C. Mônego

sábado, 9 de junho de 2012

A gente.



O que eu tenho pra te dizer é que:
Está tudo bem.
A gente é assim.
E já ficou claro pra nós dois.
Não é nada calmo, lúcido.
Não, nada de lucidez, solidez.
Sensatez.
É tudo bem louco, bem corrupto.
É tudo mal planejado e não apropriado.
A gente se desfaz, se refaz.
Monta e desmonta como num jogo alucinado.
Cansa e machuca.
Mas está tudo bem.
Porque é de verdade, é real.
É tudo tão a gente, é natural.
É sincero.
E é incrível.
Está tudo certo, porque nada é certo.
Nada é certeza.
Só eu e você.


R. C. Mônego