Seja Bem Vindo

terça-feira, 24 de julho de 2012

Medo de ter medo


 Medo do medo.
Medo da insônia, do café.
Medo de fugir, medo de ficar.
Medo da angustia e do inconsciente.
Medo de ter medo.
Medo de ser feliz, medo de chorar.
Medo de amar e de ficar sem amor.
Medo de você, de ficar sem você.
Medo de dormir, de sonhar.
Medo do céu, medo de nada.
Medo da solidão, do abandono.
Medo de atenção.
Medo de carinho, de tapa.
Medo de viver.
Medo do feijão, medo da saúde.
Medo da saída de emergência.
Medo do incontrolável, do nublado.
Medo do furacão.
Medo de futilidade, medo de incerteza.
Medo de errar.
Medo de parar.
Medo de dizer, de deixar.
Medo de ter medo.


R. C. Mônego 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Tempestade


Eu não tenho mais poemas.
Na manga, no bolso, no peito.
Eu não tenho mais ideias.
Elas costumavam chegar tão facilmente.
Olhando a chuva cair, fazendo o almoço.
Depois de fazer amor.
E em minutos, estavam prontos.
Mas eu não os tenho mais, os perdi.
Não lembro onde guardei.
Eu paro um pouco pra me escutar.
Minhas lamurias, minhas dores e meus suspiros.
Mas eu só encontro silêncio. Nada. Vazio.
Eu tento transmitir aquelas palavras doces, mas não lembro.
Eu penso, tento, busco, sinto.
Mas não encontro.
Eu não tenho mais poemas.
Foi essa tempestade dentro de mim.
Que lavou tudo, levou embora sentimentos antigos.
Meus poemas de sempre.
Pra me fazer sentir de novo, de um jeito novo.
Um novo amanhecer, um novo toque, novo olhar.
Levou o que precisava ir, e trouxe o que era pra ficar.
Fez-me encontrar em mim, meus outros poemas.
Meu novo eu.

R. C. Mônego

sábado, 9 de junho de 2012

A gente.



O que eu tenho pra te dizer é que:
Está tudo bem.
A gente é assim.
E já ficou claro pra nós dois.
Não é nada calmo, lúcido.
Não, nada de lucidez, solidez.
Sensatez.
É tudo bem louco, bem corrupto.
É tudo mal planejado e não apropriado.
A gente se desfaz, se refaz.
Monta e desmonta como num jogo alucinado.
Cansa e machuca.
Mas está tudo bem.
Porque é de verdade, é real.
É tudo tão a gente, é natural.
É sincero.
E é incrível.
Está tudo certo, porque nada é certo.
Nada é certeza.
Só eu e você.


R. C. Mônego 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Amor


Somos tão diferentes.
Você é fogo e eu sou gelo.
Você é livre como o vento, e eu sou segura como a terra.
Você sente e não duvida, escancara, eu sinto quietinha, amedrontada.
Você é um tornado, um vento que sopra forte, que arranca os telhados.
Eu sou aquela chuva levinha, que a gente escuta de tardezinha.
Você é o quarto bagunçado, o almoço improvisado, é aquele chegar atrasado.
Eu sou aquele cheiro mansinho, o acordar cedinho, aquele rádio baixinho.
Você é um sábado de sol, no parque.
Eu sou um domingo fresquinho, no cinema.
Você quer correr, eu quero parar.
Você quer dizer, eu quero beijar.
Você quer esquecer, eu quero resolver.
Você resmunga, insiste, bate o pé e fica mudo.
Eu grito, estouro, fico zangada e não me calo.
Você me completa, e eu completo você.
Inteiro, fracionado, sorrindo, calado.
Vestido, nu, bravo, apaixonado.
Esperto, ingênuo, carinhoso, malvado.
De branda alma ou disfarçado.
Sincero ou dissimulado.
Tal como é, como pretende e como fingi ser.
O que te falta eu tenho.
O que você tem, me falta.
E o amor?
O amor a gente soma, multiplica.
A gente se ama, se beija, se esquenta, se mistura.
A gente faz cafuné, a gente faz manha, a gente faz amor.
E com todas inúmeras diferenças,
Temos o que importa em comum.

R. C. Mônego 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Que eu não sei


 Me deixa, que hoje quero ser só.
Quero um chocolate e um cheiro de amó.
Hoje eu quero ser eu e meu cobertor.
E aquele filme que me faz chorar de dor.
Deixa eu chorar essa dor que não sai.
Que não sei.

Deixa tudo que tem aqui mal resolvido.
Estômago, garganta, coração, encolhido.
Os olhos enevoados, uma dorzinha irritante.
Nervosismo que eu nem sei de onde.
Que eu não sei.
Que não sai.

Deixa esse frio na espinha.
Esse medo de noitezinha.
De ficar sozinha.
Deixa eu ficar calma, ficar só.
Me deixe procurar por um motivo maior.
Que eu desconheço.

Apenas deixa eu saber porque
Que eu tenho esse medo de querer.
Que essa dor que não sai.
Na verdade, é o vazio quando você vai.
E esse sentimento que não sei.
Eu continuo sem saber.


R. C. Mônego 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Meu amor nunca


 Meu amor nunca me deu flores.
Mas uma vez, ele pintou uma rosa de amarelo,
Pra me ver sorrir.
Meu amor nunca chegou de surpresa.
Mas quando precisei, ele estava lá,
Todos os dias.
Meu amor nunca me deu joias.
Mas uma vez, ele deitou na grama comigo,
E me deu cada estrela que eu podia enxergar.
Meu amor nunca me levou em um motel.
Mas uma vez ele beijou todo meu corpo,
E fez amor comigo.
Meu amor nunca me levou a um restaurante caro.
Mas uma vez eu tive espasmos de rir
Rindo com ele e comendo xis.
Meu amor nunca me levou pra passear no iate
E tomar banho em mar aberto.
Mas uma vez me levou pra tomar banho de açude,
E jogou terra no meu cabelo.
Meu amor nunca se declarou em público.
Mas uma vez ele meu beijou no meio da rua,
No meio da chuva.
Meu amor nunca precisou me dar nada.
Por que me deu o mundo,
Quando disse que me amava.

R. C. Mônego 

sábado, 5 de maio de 2012


E quando você encontrar. Você vai entender o porque, o porque de tudo. E você vai ter uma coisa que nunca teve, certeza!


R. C. Mônego

sábado, 28 de abril de 2012

A menina e o Balanço



Se pudesse me comparar a algo, seria uma criança.
Uma menina, talvez, não difere.
E, na mesma proporção, você seria um balanço.
Toda tímida e curiosa, brincaria com você, tal qual
Uma criança e seu balanço.
E você ia me levando, devagarinho, um pouco mais alto.
Receosa, mas divertida. Com o vento nos cabelos, que sensação!
Mais alto, eu diria, mais rápido!
Lá estaria você, me embalando, me fazendo sentir o cheiro da liberdade.
E eu esticaria meus pezinhos, e tocaria o céu, sim, eu tocaria.
Num momento, um relance, nem daria tempo pra piscar os olhos.
E eu estaria no chão. Machucada, joelhos e cotovelos sangrando.
Você imóvel, afinal, o que faria um balanço?
Pobre menina, gostou do balançar.
Eu me levantaria sem nem notar, que me esvaia, ferida.
Queria o vento novamente, a altura. Queria estar nas nuvens.
E o balanço imprudente, iria até o céu, não porque queria me ver sorrir.
Mas por que balançar, é o que você faz.
Cairia outra vez, inevitavelmente.
Esperaria uns minutos, para curar as feridas.
Deixe pelo menos o sangue secar.
Antes de me levar ao céu, e ao chão, repetidas vezes, incansavelmente.


R. C. Mônego

terça-feira, 24 de abril de 2012

Teu Nome é Saudade.


 Aperta, aperta, aperta.
Eu levanto de manhã envolta de suspiros, você já não está.
Tomo banho sozinha, sem você, pra bagunçar.
Eu saio de casa e aperta mais, com esse gosto ruim na boca.
A manhã inteira é lenta.
E teu cheiro impregnado na minha roupa, aperta.
No almoço eu preencho o vazio do meu estomago.
Mas é tão quieto e calmo. É tão nada.
E menor fica meu coração, mais apertado.
A tarde se arrasta, demora, suspira.
Os segundos contam horas. Nem sinal de você.
O tempo se arrasta, demora, suspira.
Minha mente viaja a procura de você.
A noitinha cai, de leve, sem fazer barulho.
Quanto mais perto de você, mais aperta.
Sufoca, transborda, maltrata.
Eu já estou toda encolhida, no pouco espaço que me restou.
Faltam minutos até você. Faltam passos até você.
Olhares até você.
E eu, judiada, desesperada, quero você.
Beijo você, cheiro, mimo, mordo, belisco você.
E aquilo que passou o dia apertado.
Sumiu, se foi.
Deu lugar a cama quente, no seu lado.
E antes de cair em um sono seguro.
Eu suplico baixinho:
 - Deixe-me dormir aconchegada, volte só amanhã.
Na ausência dele. Que teu nome é saudade.


R. C. Mônego 

sábado, 14 de abril de 2012

Ela


Dizia ela que não sabia se ficaria ou se fugiria.
Realmente não queria ser o que é,
Ser o que não é,
Apenas ser.
Não explicaria o que lhe traria tal insatisfação.
Não sabia ser, sem querer em vão.
Sem jogar fora o privilégio de ter o que se tem.
Ela tinha a mente livre, viajaria.
Ela queria ser mais, seria.
Ela queria ter o que não tem, teria.
E se não sonhasse sonhos impossíveis, sonharia.
Olhava, sem ver, com o olhar que, quisera eu, fosse meu.
Queria – assim como ela não quer eu.
Queria tanto um segundo do teu querer, amor meu.
Ela.
Ela que nunca está, que não mora, que não sente,
Que não vem, que não liga.
Justo ela.
Ela que não quer ser o que é,
Pois sendo exatamente como é,
Tem a mim, exatamente onde não quer ter.



R. C. Mônego

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Mais que lábios


Mais que lábios que se tocam,
Um beijo enlaça o olhar.
São cores que se somam,
Olhos que dizem, dizem, sem falar.

Mais que lábios que se tocam,
Um beijo tem único sabor.
Delícias que se misturam.
Com gosto de vontade e ardor.

Mais que lábios que se tocam,
Um beijo tem a ternura do tato.
Pele a pele que se agradam.
Maciez que se encaixa sem formato.

Mais que lábios que tocam,
Um beijo tem um cheiro de saudade.
São narizes que se encostam.
Um roçar cheio de carinho e lealdade.

Mais que lábios que se tocam,
Um beijo tem o corpo amassado.
Calores que ardem e evaporam.
De libido e desejo aguçado.

Mais que o meus lábios que tocam os seus.
Nosso beijo tem sabor.
Tem malicia e tem ternura.
Nosso beijo tem amor.


R. C. Mônego

- Não beije por beijar. Beije por amor. - 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Depois da Chuva


 Não importa se as coisas não são bem assim.
Se não é tão simples como deveria.
Deixa ser tudo mentira entre nós dois.
Deixa ficar tudo errado, embaralhado.
Espera que vai chover, vai ventar.
Senta pra ver.
Depois não venha me falar de defeitos e erros.
Não fala nada, deixa quietinho.
Que eu não digo que não pode ser, que tudo tem um fim.
Eu não falo sobre medos e limitações.
Deixa eu te imaginar, te revirar, te consertar.
Me reinventa, me preenche, bagunça meu cabelo.
Não comece a insinuar que não basta.
Que precisa de mais.
Não me peça mais.
Não fale dos sonhos que não deram certo.
Eu não digo nada sobre as lágrimas que chorei.
Calma que ainda vai chover.
Vai ventar e trovejar.
Sente e espera.
E depois da chuva, não demora a me beijar.
Tira a minha roupa e bagunça a minha vida
Toda de novo.


R. C. Mônego 

quinta-feira, 29 de março de 2012


Não espere muito das pessoas. Aliás, não espere nada de ninguém.
Porque para quem muito espera, nada é suficiente.
E para quem não cria expectativas, tudo é uma surpresa.
Tudo ultrapassa o esperado.

R. C. Mônego

segunda-feira, 26 de março de 2012



O ser humano erra, e não é justo. Ama e mente. Não quer, mas sente.
O ser humano é assim, incoerente.


R. C. Mônego


Carta


Então amor, como vai você?
Sei que a distância nos consome,
Mas hoje, você está lindo.
Juro está perfeito.

Sei que minha promessa foi voltar.
Mas o tempo castigou minhas palavras.
E além da letra desta carta, feche seus olhos.
Eu estou ao seu lado.

Há outro, que deita ao meu lado, em seu lugar.
Costumo chamá-lo de marido.
Antes dele, havia outro.
E antes também.
Mas juro, meu coração não pertence eles.
Nem a mim.

Hei amor, a saudade é absurda.
Apenas dois anos, eu disse.
E eu ainda continuo aqui.
Cidade fria.

Lembra-te? O mundo era bom.
A fome morria no beijo.
E nascia no amor.
Nunca mais será o mesmo.

Hei amor, ainda tenho tanto a dizer.
Lembra do amor que não sabíamos entender?
O amor que guardamos pra nos dar a vida inteira?
Nunca haverá amor igual.
Nós tínhamos tudo.

Eu morrerei amando você.
E nascerei pra tentar mais uma vez.
Sem errar.
Foi isto que me restou.

R. C. Mônego 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Conto de Fadas



Eu não sou uma princesa, tampouco uma donzela.
Não corro grandes perigos. E, certamente, você não terá que dar a vida, pela minha.
Então não espere provar seu amor, me salvando de calabouços, bruxas e dragões.
O seu amor, será mostrado durante o dia, ou noite, tanto faz.
Será percebido nas pequenas coisas. Nas situações corriqueiras, singelas, delicadas.
Coisas doces, enfim. Meiguices, toques suaves.
E quando vir tempestades, neste momento, sim, seu amor estará em prova.
Não serão as maldições, não serão maçãs envenenadas.
Seremos nós. Nus. Despidos. Desiludidos.
Seremos eu e você. Tormentas individuais, no mesmo espaço. No mesmo quarto.
Serei eu, com o olhar rude. Será você, com palavras grosseiras.
Então, me salve! Me salve de mim!
Me cale, me amarre, me beije.
Prove teu amor, quando eu menos merecer.
Pois eu não sou uma princesa. Tampouco, você, um príncipe.

R. C. Mônego

Antes fosse amargo, o que lhe era doce.


Uma dose. Duas doses
Estou um pouco bêbada agora.
Além de mim, ouço vozes.
Sozinha e abandonada.

A porta continua fechada,
Mas em minha mente vazia
Você já a escancarou um milhão de vezes.
Sozinha e abandonada.

Desprezei a solidez de teus braços.
Agora me encolho fria e atemorizada.
Com os pés soltos e sem calços.
Sozinha e abandonada.

Bandida deixada, quem há de sentir pena?
De quem não teve piedade e partiu serena.
Quem há de considerar a existência?
Daquela que escolheu ser
Sozinha e abandonada.

E todos irão pensar: lá se vai a louca desprezada.
Que se diz só e esquecida.
Que optou por uma vida amargurada.
Pois foi própria quem decidiu pela partida.
Sozinha e abandonada.

Lá se vai a louca sem coração.
Que passou os dias negando estar arrependida.
Que rompeu amarga, aquilo que lhe era doce.
E esparramou sem medida, ora.
Antes fosse sem demora.
O que agora lhe é constante ser, dizem.
Sozinha e abandonada

R. C. Mônego 

sexta-feira, 9 de março de 2012

Eterno será



Proponho-te a eternidade de amar;
O além e o depois.
Proponho-te uma tatuagem pra marcar,
O infinito de nós dois.

Vem comigo neste caminho
Que sozinha tenho medo.
Vem me dar a proteção que necessito.
O verbo mais bonito.

Andar descalços sobre a vida.
Lado a lado até o fim.
Vem casar comigo um dia.
Faz um filho em mim.

Divide a cama,
O travesseiro e a respiração.
Brinca de me amar.
Me faz uma canção.

Quero fugir contigo pra lua.
Estar para sempre e sem partida.
Deixa-me mostrar que sou toda tua.
E fazer minha a tua vida.



R. C. Mônego

sexta-feira, 2 de março de 2012

Nada será de novo como foi antes.



Para que fingir?
Se tudo se rompeu na desistência de todas nós.
Se nos perdemos nos erros e falhas que já se foram.
E quando estamos a sós,
Um silêncio não dito densifica o ar compartilhado.
Eu poderia dizer, agüentem firme!
Apenas forcem a amizade a florescer como antes.
Mas para que?
Se a pureza das risadas se congelou.
Se a bobagem e a verdade apagaram-se com o tempo.
Não diga, não pense, não sinta como eu sinto.
Por que a saudade corroe cada célula.
Destrói a parte mais singela da minha alma.
Pois o amor mais bonito,
O amor mais honesto e desprovido de maldade,
O amor de amizade.
Já não cabe entre nós.



    R. C. Mônego 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Universo Dentro do Peito


Há algo em seu olhar que faz meu coração bater forte.
Eu espero que dure.
Por que quando você me beija, torne-me real.
Torna simples e fácil.
Lindo de sentir.
Todas as vezes que recordo tuas doces palavras.
O ar foge os pulmões.
E quando me tocas, faz-me sentir o universo dentro do peito.
Você viverá aqui, dentro de mim.
Em cada parte que já tocaste.
E eu estarei aqui, a vida toda pronta pra sentir
O amor explodindo a cada olhar mudo.
Que me diz todas as palavras do mundo.

R. C. Mônego