Seja Bem Vindo

sábado, 28 de abril de 2012

A menina e o Balanço



Se pudesse me comparar a algo, seria uma criança.
Uma menina, talvez, não difere.
E, na mesma proporção, você seria um balanço.
Toda tímida e curiosa, brincaria com você, tal qual
Uma criança e seu balanço.
E você ia me levando, devagarinho, um pouco mais alto.
Receosa, mas divertida. Com o vento nos cabelos, que sensação!
Mais alto, eu diria, mais rápido!
Lá estaria você, me embalando, me fazendo sentir o cheiro da liberdade.
E eu esticaria meus pezinhos, e tocaria o céu, sim, eu tocaria.
Num momento, um relance, nem daria tempo pra piscar os olhos.
E eu estaria no chão. Machucada, joelhos e cotovelos sangrando.
Você imóvel, afinal, o que faria um balanço?
Pobre menina, gostou do balançar.
Eu me levantaria sem nem notar, que me esvaia, ferida.
Queria o vento novamente, a altura. Queria estar nas nuvens.
E o balanço imprudente, iria até o céu, não porque queria me ver sorrir.
Mas por que balançar, é o que você faz.
Cairia outra vez, inevitavelmente.
Esperaria uns minutos, para curar as feridas.
Deixe pelo menos o sangue secar.
Antes de me levar ao céu, e ao chão, repetidas vezes, incansavelmente.


R. C. Mônego

terça-feira, 24 de abril de 2012

Teu Nome é Saudade.


 Aperta, aperta, aperta.
Eu levanto de manhã envolta de suspiros, você já não está.
Tomo banho sozinha, sem você, pra bagunçar.
Eu saio de casa e aperta mais, com esse gosto ruim na boca.
A manhã inteira é lenta.
E teu cheiro impregnado na minha roupa, aperta.
No almoço eu preencho o vazio do meu estomago.
Mas é tão quieto e calmo. É tão nada.
E menor fica meu coração, mais apertado.
A tarde se arrasta, demora, suspira.
Os segundos contam horas. Nem sinal de você.
O tempo se arrasta, demora, suspira.
Minha mente viaja a procura de você.
A noitinha cai, de leve, sem fazer barulho.
Quanto mais perto de você, mais aperta.
Sufoca, transborda, maltrata.
Eu já estou toda encolhida, no pouco espaço que me restou.
Faltam minutos até você. Faltam passos até você.
Olhares até você.
E eu, judiada, desesperada, quero você.
Beijo você, cheiro, mimo, mordo, belisco você.
E aquilo que passou o dia apertado.
Sumiu, se foi.
Deu lugar a cama quente, no seu lado.
E antes de cair em um sono seguro.
Eu suplico baixinho:
 - Deixe-me dormir aconchegada, volte só amanhã.
Na ausência dele. Que teu nome é saudade.


R. C. Mônego 

sábado, 14 de abril de 2012

Ela


Dizia ela que não sabia se ficaria ou se fugiria.
Realmente não queria ser o que é,
Ser o que não é,
Apenas ser.
Não explicaria o que lhe traria tal insatisfação.
Não sabia ser, sem querer em vão.
Sem jogar fora o privilégio de ter o que se tem.
Ela tinha a mente livre, viajaria.
Ela queria ser mais, seria.
Ela queria ter o que não tem, teria.
E se não sonhasse sonhos impossíveis, sonharia.
Olhava, sem ver, com o olhar que, quisera eu, fosse meu.
Queria – assim como ela não quer eu.
Queria tanto um segundo do teu querer, amor meu.
Ela.
Ela que nunca está, que não mora, que não sente,
Que não vem, que não liga.
Justo ela.
Ela que não quer ser o que é,
Pois sendo exatamente como é,
Tem a mim, exatamente onde não quer ter.



R. C. Mônego

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Mais que lábios


Mais que lábios que se tocam,
Um beijo enlaça o olhar.
São cores que se somam,
Olhos que dizem, dizem, sem falar.

Mais que lábios que se tocam,
Um beijo tem único sabor.
Delícias que se misturam.
Com gosto de vontade e ardor.

Mais que lábios que se tocam,
Um beijo tem a ternura do tato.
Pele a pele que se agradam.
Maciez que se encaixa sem formato.

Mais que lábios que tocam,
Um beijo tem um cheiro de saudade.
São narizes que se encostam.
Um roçar cheio de carinho e lealdade.

Mais que lábios que se tocam,
Um beijo tem o corpo amassado.
Calores que ardem e evaporam.
De libido e desejo aguçado.

Mais que o meus lábios que tocam os seus.
Nosso beijo tem sabor.
Tem malicia e tem ternura.
Nosso beijo tem amor.


R. C. Mônego

- Não beije por beijar. Beije por amor. - 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Depois da Chuva


 Não importa se as coisas não são bem assim.
Se não é tão simples como deveria.
Deixa ser tudo mentira entre nós dois.
Deixa ficar tudo errado, embaralhado.
Espera que vai chover, vai ventar.
Senta pra ver.
Depois não venha me falar de defeitos e erros.
Não fala nada, deixa quietinho.
Que eu não digo que não pode ser, que tudo tem um fim.
Eu não falo sobre medos e limitações.
Deixa eu te imaginar, te revirar, te consertar.
Me reinventa, me preenche, bagunça meu cabelo.
Não comece a insinuar que não basta.
Que precisa de mais.
Não me peça mais.
Não fale dos sonhos que não deram certo.
Eu não digo nada sobre as lágrimas que chorei.
Calma que ainda vai chover.
Vai ventar e trovejar.
Sente e espera.
E depois da chuva, não demora a me beijar.
Tira a minha roupa e bagunça a minha vida
Toda de novo.


R. C. Mônego